Líder das intenções de voto para a Presidência da República nos cenários sem Lula, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) defendeu um novo golpe militar no Brasil nos anos 1990. Em entrevistas, reuniões e discurso no plenário da Câmara, ele afirmou, na ocasião, não acreditar em solução para o Brasil por meio do voto popular.
Na época, a Câmara dos Deputados chegou a enviar uma representação ao STF (Supremo Tribunal Federal), mas ela não prosperou. Em entrevistas atuais, Bolsonaro adota um discurso oposto. “Nunca falei a palavra intervenção. Se um dia o militar chegar ao poder, será através do voto”, afirmou.
Em entrevista ao programa Câmera Aberta há 19 anos, Bolsonaro foi questionado se ele fecharia o Congresso Nacional se fosse presidente da República. “Não há a menor dúvida, daria golpe no mesmo dia! Não funciona! E tenho certeza de que pelo menos 90% da população ia fazer festa, ia bater palma, porque não funciona. O Congresso hoje em dia não serve para nada, só vota o que o presidente quer. Se ele é a pessoa que decide, que manda, que tripudia em cima do Congresso, dê logo o golpe, parte logo para a ditadura”, afirmou.
“Através do voto você não vai mudar nada nesse País, nada, absolutamente nada! Só vai mudar, infelizmente, no dia em que partir para uma guerra civil aqui dentro, e fazendo o trabalho que o regime militar não fez. Matando uns 30 mil, começando pelo FHC, não deixar ele para fora não, matando! Se vai morrer alguns inocentes, tudo bem, tudo quanto é guerra morre inocente”, disse.
Diante da repercussão do caso e da ameaça de cassação, Bolsonaro deu uma nova entrevista semanas depois ao mesmo programa dizendo ter sofrido um “massacre”. Evitou repetir as declarações: “Não vou voltar a pregar isso aí, dei o meu recado”. Seis anos antes, Bolsonaro já havia pregado a ruptura institucional, dessa vez em reuniões com militares nos Estados da Bahia e do Rio Grande do Sul e em discursos no plenário da Câmara dos Deputados.
Na ocasião, a imprensa noticiou a sua defesa da volta da ditadura. Em discurso no plenário, ele afirmou que não desmentia nenhuma das publicações. E acrescentou: “Sou a favor sim de uma ditadura, de um regime de exceção, desde que esse Congresso Nacional dê mais um passo rumo ao abismo, que no meu entender está muito próximo”.
Evangélicos
Bolsonaro terá de ajustar seu discurso para conquistar mais evangélicos, disse o apóstolo Estevam Hernandes, líder da Igreja Renascer e organizador da Marcha Para Jesus em São Paulo. “Alguns posicionamentos dele podem fazer com que realmente ganhe a simpatia dos evangélicos. Agora, existem outros que são antagônicos com os valores cristãos, como a força, talvez o ódio, algumas coisas mais extremistas”, afirmou Hernandes. Ainda assim, o líder acredita que atualmente o parlamentar carioca atrai boa parte do eleitorado cristão.
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