domingo, 17 de fevereiro de 2019

O adeus a Bibi Ferreira, vencedora dos principais prêmios do teatro nacional

Morre Bibi FerreiraA atriz e cantora Bibi Ferreira, diva dos musicais brasileiros, morreu na última quarta-feira (dia 13). Morreu aos 96 anos em seu apartamento no bairro carioca do Flamengo, no dia 13 de fevereiro de 2019, vítima de uma parada cardíaca. Também era apresentadora, diretora e compositora, foi um dos maiores fenômenos artísticos do País.Abigail Izquierdo Ferreira nasceu em 1º de julho de 1922. Filha de um dos maiores nomes das artes cênicas do Brasil, o ator Procópio Ferreira (1889-1979), e da bailarina espanhola Aída Izquierdo. Bibi – apelido que ganhou ainda na infância – estreou nos palcos com pouco mais de 20 dias de vida. Em cena, ela apareceu no colo da madrinha, Abigail Maia, em encenação de “Manhãs de sol”, de Oduvaldo Vianna (1892-1972).
“Não consigo lembrar de mim fora de um teatro”. É assim que Bibi Ferreira, 77 anos como atriz, cantora, diretora e produtora, se descrevia. A trajetória pessoal e profissional dessa estrela brasileira só poderia ser contada e celebrada levando para o palco o próprio palco, das companhias de comédia, do teatro de revista, dos grandes musicais e do teatro engajado em que ela atuou.
Em 2018 estreou “Bibi, uma Vida em Musical”, uma das tantas homenagens à grande artista.
Bibi se tornou uma das primeiras mulheres a dirigir uma peça teatral no Brasil. Nessa época, os homens dominavam completamente essa função. Nesse papel, Bibi sempre surpreendeu e, em 1952, ela recebeu o prêmio de melhor direção pela peça “A Herdeira” pela Associação de Críticos do Rio de Janeiro.
Em 1970, interpretou Joana em “Gota D’Água”, do artista Chico Buarque e em 1983 fez história ao encarnar a famosa cantora Edith Piaf (1915 – 1963) – “Bibi canta Piaf”.. Os prêmios vieram aos montes por esse último papel, como o Molière e o da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA).
Já na virada do século ela fez Amália, em “Bibi vive Amália”. Um trabalho que também marcou a sua longeva carreira, que perdurou nos anos seguintes, mesmo que com pequenas participações.
Bibi Ferreira no show “Bibi – Histórias e Canções”, com direção cênica de João Falcão e regência musical de Flávio Mendes.

Carreira em Portugal 

Participou em várias peças em Portugal com grande sucesso, principalmente teatro de revista, entre as quais:
  • 1957 — "Há Horas Felizes!" - Teatro Variedades
  • 1957 — "Curvas Perigosas" - Teatro Maria Vitória
  • 1958 — "Com o Amor Não se Brinca" - Teatro Maria Vitória 
  • 1958 — "Minha Filha é de Gritos!" - Teatro Maria Vitória 
  • 1958 — "Por Causa Delas…" - Teatro Maria Vitória 
  • 1959 — "Encosta a Cabecinha e Chora..." - Teatro Maria Vitória 
  • 1959 — "Tudo na Lua" - Teatro Maria Vitória 
  • 1960 — "Taco a Taco" - Teatro Maria Vitória
  • Filmografia 

    Cinema
    AnoTítuloPapel
    2011Flávio Rangel - O Teatro na Palma da MãoEla Mesma 
    1956Leonora dos Sete Mares 
    1949Almas AdversasZefa / Georgina 
    1947O Fim do RioTeresa 
    1936Cidade-Mulher
    Atuação de Bibi Ferreira e do ator Grande Otelo em 1960.
    Televisão
    AnoTítuloPersonagemNota
    1960–64Brasil 60ApresentadoraTV Excelsior
    1960–64Bibi Sempre aos DomingosApresentadoraTV Excelsior
    1968–73Bibi EspecialApresentadora
    Tv Tupi
    Festival de CarnavalApresentadora
    Tv Tupi
    Bibi ao VivoApresentadora
    Tv Tupi
    1968Curso de Alfabetização para AdultosApresentadoraTv Tupi
    1972Oscar 1972Apresentadora44ª cerimônia de entrega dos Academy Awards
    1978-79Brasil 79Apresentadora
    Tv Tupi
    1984Marquesa de Santos/Rede MancheteDona Carlota Joaquina
    1992Bibi In ConcertEla mesmaEspecial de final de ano
Após a notícia de seu falecimento, diversos companheiros do meio artístico manifestaram tristeza e gratidão pela artista que contribuiu para que o que era considerado um sub-ofício das artes se transformasse em uma profissão de lendas vivas.

Imagem relacionada
 "Foi-se a imensa Bibi Ferreira. Devo a ela meu primeiro encantamento com o palco assistindo sua performance em Alô, Dolly quando era um menino de oito anos. Obrigado por tudo, mas principalmente obrigado por honrar o palco sempre”, escreveu o ator e diretor Miguel Falabella.
Resultado de imagem para Beth Goulart
"Acabamos de perder a grande dama do Teatro Brasileiro. Bibi abrilhantou nossos palcos com seu talento e sabedoria, foi uma atriz, cantora e diretora única em seu entendimento da arte teatral, em seu olhar sobre a humanidade, com a força e o mistério do amor, da entrega e dedicação ao ofício da interpretação. Todos nós aprendemos com ela e a reverenciamos. Vai continuar brilhando no céu de nossa memória. Nos palcos e na vida nosso amor e gratidão eternas! Bravos Bibi", publicou a atriz Beth Goulart.

Resultado de imagem para Fernanda Montenegro
Em entrevista a EL PAÍS em agosto de 2018, Fernanda Montenegro afirmou que Bibi era sua "raíz". "No momento, embora com 97 anos, Bibi Ferreira é a grande mulher, a grande atriz, a grande produtora, a grande artistas dos palcos desse país. Não sou eu. É nela que eu me espelhei quando eu tinha 15 ou 20 anos. Além dela, Dulcina de Moraes. Mas Bibi trabalhou até 95 anos e é também uma cantora extraordinária, uma mulher de palco absoluta", disse a atriz.

Prêmios e Indicações 

Bibi Ferreira como apresentadora de televisão em 1971.
AnoPrêmioCategoriaTrabalhoResultado
1952Troféu APCAMelhor DiretoraA HerdeiraVenceu
1961Troféu ImprensaMelhor AnimadoraTV ExcelsiorVenceu
1962Troféu ImprensaMelhor AnimadoraVenceu
1964Prêmio SaciMelhor AtrizMy Fair LadyVenceu
1966Troféu ImprensaMelhor AnimadoraTV ExcelsiorIndicada
1971Troféu ImprensaMelhor AnimadoraVenceu
1973Troféu ImprensaMelhor AnimadoraIndicada
1977Prêmio  MolièreMelhor AtrizGota d'ÁguaVenceu
Troféu APCAMelhor AtrizVenceu
1984Troféu MambembeMelhor AtrizPiaf, a Vida de uma Estrela da CançãoVenceu
Prêmio MolièreMelhor AtrizVenceu
1985Prêmio ApetespMelhor AtrizVenceu
Prêmio PirandelloMelhor AtrizVenceu
Prêmio Governador do EstadoMelhor AtrizVenceu
1996Prêmio SharpMelhor AtrizBibi in Concert 2Venceu
2000Festival Internacional da Cultura em TóquioMelhor ComunicadoraCurso de Alfabetização para AdultosVenceu
2003Prêmio ShellHomenagemConjunto da ObraVenceu
2008Troféu APCAGrande Prêmio da CriticaVenceu
2010Troféu Bibi Ferreira e Medalha Procopio FerreiraHomenagemVenceu
Prêmio ClaudiaHomenagemVenceu
2011Prêmio Contigo de TeatroHomenagemVenceu
Prêmio APTRHomenagemVenceu
2012Prêmio Aplauso Brasil de TeatroHomenagemVenceu
Prêmio Bravo! Prime de CulturaArtista Prime do AnoVenceu
2013Prêmio Faz Diferença - o GloboSegundo Caderno - TeatroVenceu
Brazilian Press AwardsHomenagemVenceu
2014Prêmio Bibi FerreiraHomenagemVenceu
Vida Pessoal:

Nascida na cidade do Rio de Janeiro, era filha do ator carioca Procópio Ferreira e da bailarina portenha Aída Queirolo Izquierdo. Era neta paterna de portugueses, oriundos da Ilha da Madeira. Pela parte materna, era neta dos espanhóis Antonio Izquierdo e Irma Queirolo.
Bibi foi casada seis vezes. Seu primeiro matrimônio durou dez anos, e foi realizado em 29 de setembro de 1943, na capital paraguaia, Assunção, com o diretor Carlos Martins Lage. Desquitaram-se em 1953, no Rio de Janeiro.
Em 1954 uniu-se pela segunda vez, com o ator Armando Carlos Magno, que é o nome artístico de Armando Pinto Martins, sobrinho de Pascoal Carlos Magno. Desta união, teve sua única filha, Thereza Cristina Izquierdo Ferreira Pinto Martins, nascida em 20 de agosto de 1954, no Rio de Janeiro. Em 1955 o casal separou-se.
Em 1956 uniu-se com o ator Herval Rossano, de quem se separou em 1958. De 1963 a 1965, viveu junto com Édson França, e de 1966 a 1967 morou com o ator Paulo Porto.
Seu último casamento durou oito anos, de 1968 a 1976, com o dramaturgo Paulo Pontes. A atriz ficou viúva em 27 de dezembro de 1976. Manteve outros relacionamentos ao longo de sua vida, mas não quis mais casar-se novamente.
Aos 95 anos fez sua turnê de despedida com Bibi - Por Toda Minha Vida, espetáculo só com músicas brasileiras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário